Venda do Avante! nas ruas da Marinha Grande

Quando a persistência é a alma do <i>negócio</i>

A im­prensa do Par­tido só po­derá cum­prir efec­ti­va­mente o seu papel se chegar às mãos dos seus des­ti­na­tá­rios – os mi­li­tantes do PCP, os tra­ba­lha­dores e o povo. Cons­ci­entes disso mesmo, os co­mu­nistas da Ma­rinha Grande são in­can­sá­veis na di­vul­gação do Avante!.

De pouco serve um jornal se não chegar às mãos dos seus lei­tores

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Todas as se­manas as três equipas vendem cerca de 100 jor­nais, mas nem sempre aos mesmos lei­tores

São nove e meia da manhã de quinta-feira, 3 de Fe­ve­reiro. No Centro de Tra­balho do PCP na Ma­rinha Grande reina a agi­tação ha­bi­tual neste dia da se­mana. Os mo­lhos de avantes, pre­vi­a­mente se­pa­rados, são le­van­tados por mi­li­tantes que os dis­tri­buirão de­pois pelos lei­tores das vá­rias fre­gue­sias e lu­gares do con­celho. Ou­tros pas­sarão por ali ao longo da se­mana para le­van­tarem os seus jor­nais.

Quem faz os mo­lhos para serem le­vados para as vá­rias fre­gue­sias e lu­gares do con­celho é Carlos Vi­cente, Fran­quelim Gon­çalves e José Bo­nita. Mas fazem muito mais do que isto. Desde há anos que todas as quintas e sextas-feiras, jun­ta­mente com mais três mi­li­tantes do Par­tido, formam três equipas de ven­de­dores do Avante!: uma per­corre o centro his­tó­rico da vila en­quanto as ou­tras duas se ins­talam nos lo­cais de maior con­cen­tração po­pular, como a co­o­pe­ra­tiva do povo e os su­per­mer­cados exis­tentes. Estas equipas vendem, se­ma­nal­mente, uma cen­tena de exem­plares.

Per­cor­rendo a bom passo as ruas do centro, Carlos, Fran­quelim e José en­tram em pra­ti­ca­mente todos os ser­viços, lojas e cafés ques­ti­o­nando pro­pri­e­tá­rios, fun­ci­o­ná­rios e cli­entes se pre­tendem ad­quirir o Avante!. Muitos são lei­tores ha­bi­tuais e acedem, en­quanto que ou­tros o com­pram pela pri­meira vez. Há ainda os que va­cilam e também os que re­cusam, mas nada que faça es­mo­recer os ven­de­dores.

Como contou Carlos Vi­cente du­rante a ronda, aqueles que hoje não com­pram o jornal po­derão vir a fazê-lo no fu­turo, da mesma forma que al­guns dos que hoje o re­cebem re­gu­lar­mente (todas as se­manas ou de 15 em 15 dias) co­me­çaram por en­jeitá-lo. Na opi­nião dos três, a per­sis­tência, não sendo se­gredo, é se­gu­ra­mente a alma deste ne­gócio. A mesma per­sis­tência que re­ve­laram quando ti­veram que con­quistar o seu es­paço à porta dos su­per­mer­cados, ven­cendo a pressão de ad­mi­nis­tra­dores ou se­gu­ranças – e à qual re­correm sempre para en­frentar a chuva ou o frio.

Foi pre­ci­sa­mente uma boa dose desta qua­li­dade que fez com que, nessa manhã, a equipa de Carlos, Fran­quelim e José ti­vesse ven­dido mais de 40 avantes, al­guns dos quais ad­qui­ridos por quem nunca o tinha feito.

Mais ainda do que as vendas, os três mi­li­tantes con­si­deram que o im­por­tante é que o Avante! seja lido. É por isso que con­vidam as pes­soas que re­jeitem o jornal por falta de di­nheiro a irem lê-lo ao Centro de Tra­balho. Mas a venda de rua do Avante! tem um al­cance imenso, que está muito para lá do nú­mero de jor­nais ven­didos e dos novos lei­tores an­ga­ri­ados. Nestas jor­nadas de di­vul­gação do Avante!, ga­rantem, é o pró­prio Par­tido que está na rua, afir­mando-se.

O exemplo dos co­mu­nistas da Ma­rinha Grande, es­tando longe de ser único, é no­tável. E lembra-nos de que pouco vale termos um bom jornal – que diz o que mais ne­nhum diz e aponta o ca­minho da luta pela ver­da­deira al­ter­na­tiva, o so­ci­a­lismo – se este não chegar às mãos dos tra­ba­lha­dores e do povo, a quem ver­da­dei­ra­mente se des­tina.

 






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